O valor de saber ler
Na sociedade atual a competência leitora é uma das mais importantes competências cognitivas e comunicativas. A leitura é o “veículo” que permite o acesso a todos os outros saberes, quem não tiver um nível aceitável de literacia não poderá acompanhar a rápida evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos, a sua vida profissional e pessoal será seriamente prejudicada, correndo sérios riscos de marginalização.
Porque o baixo nível de capacidade leitora - a Perturbação da Leitura e da Escrita, Dislexia e Disortografia - afeta seriamente todas as áreas da vida pessoal, o conhecimento das suas causas, dos processos cognitivos envolvidos na sua aquisição e dos métodos de ensino mais eficientes, são um desafio urgente que se coloca a todos os responsáveis pelo ensino: governantes, investigadores, médicos, professores das escolas superiores de educação, educadores, professores e pais.
Ensinar as crianças a ler, a escrever e a expressar as suas ideias com clareza, são das mais importantes funções dos professores.
Contrariamente à linguagem oral, a aprendizagem da leitura não emerge naturalmente, necessita de ser ensinada explicitamente. Quando as crianças iniciam a escolaridade as expectativas de todos os intervenientes envolvidos no processo de aprendizagem são enormes. A grande maioria das crianças realiza esta aprendizagem sem esforço e com prazer, porém, cerca de 5 a 10 por cento, manifestam dificuldades inesperadas e persistentes que geram sentimentos de surpresa, incompreensão e sofrimento.
Até há poucos anos a origem desta dificuldade era desconhecida, era uma incapacidade invisível, um “mistério” que gerou mitos, preconceitos e estigmas que acompanharam e ainda acompanham, muitas crianças, jovens e adultos.
A tomada de consciência desta dificuldade, inesperada e incompreensível, incentivou a realização de inúmeras investigações com o objectivo de encontrar uma explicação cognitiva e neurocientífica para os processos mentais envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita. Desses estudos emergiu a recém designada “Ciência da Leitura”, que se desenvolveu apoiada nos conhecimentos da psicologia cognitiva e das neurociências.
Os resultados desses estudos têm-se revelado extremamente úteis permitindo responder a diversas questões: Quais as diferenças entre linguagem falada e linguagem escrita? Quais as competências necessárias para aprender a ler e que necessitam ser ensinadas explicitamente? Quais as dificuldades experimentadas por algumas crianças? Quais os princípios orientadores dos métodos de ensino que provaram ser mais eficientes?
Este artigo propõe-se sumariar os resultados dos recentes estudos sobre Dislexia e a nova Ciência da Leitura.
O seu objectivo é contribuir para um conhecimento atualizado desta perturbação, alertar e sensibilizar para os sinais indiciadores de futuras dificuldades, incentivar a avaliação e intervenção precoce, em síntese, prevenir o insucesso antes de acontecer.
A intervenção é um desafio que se coloca a todos os responsáveis pelo desenvolvimento infantil e aprendizagem: médicos, psicólogos, investigadores, professores das escolas superiores de educação, professores, pais e governantes.
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